Qualquer
um menos desatento não tem como não perceber que o jornalismo que se pratica em
Cabo Verde é ainda pobre e apresenta muitas fragilidades.
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Estudante de Jornalismo |
Se bem analisarmos, temos um histórico e
cenário pouco animadores no que diz respeito ao tipo de jornalismo que aqui
vigora. Os problemas são enormes e não há como escondê-los.
As
dificuldades maiores refletem na sustentabilidade dos meios de comunicação, na
inexistência de periódicos diários e na pouca expressividade que é o jornalismo
investigativo.
Efetivamente,
o trabalho dos jornalistas cabo-verdianos carece de mais incentivos, de mais
investigação e de menos “jornalismo de secretária”.
Em
outras paragens, refiro-me às grandes referências europeias, há um jornalismo
forte, baseado na investigação, onde os jornalistas estão em todos os lugares,
menos sentados sistematicamente na redação, à espera que algo aconteça para ser
noticiado.
Sendo
um tanto quanto radicalista nas minhas ideias, ouso afirmar que o que temos em
Cabo Verde é ainda um projeto de jornalismo. Para já, como é que é possível, há
177 anos de existência de imprensa escrita no país e nunca ter havido sequer um
único jornal diário? Vamos refletir!
A
questão da censura ainda é visível no jornalismo que aqui se pratica. Não a
mesma censura que outrora os meios de comunicação estiveram sujeitos, mas sim
uma “auto- censura” que o próprio jornalista se submete.
Por
motivos vários, os jornalistas se auto censuram e inibem-se de publicar certos
conteúdos, qua a seu ver, poderia prejudicar terceiros e os seus
interesses. Pergunto: o que é feita da
liberdade que lhes é concedida? Não me compete responder, pelo menos não por
agora.
É
quase que inacreditável e custa muito pensar que se não houvessem outras formas
de nos informarmos, a nossa opinião nunca estaria completamente formada. Sempre
estaria pela metade, segundo o formato como somos informados.
Em
suma, torna-se mesmo de extrema importância pensar e repensar sobre a forma
como se faz jornalismo, em Cabo Verde. Sendo considerado o quarto poder na
sociedade, deveria assumir uma outra postura e justificar o seu poder.
Oxalá
as novas gerações saibam fazer diferente e que possam mudar o cenário fastidioso
em que o jornalismo cabo-verdiano se encontra ancorado.
Por:
Vadimila Borges